Simplificando a gestão orçamentária no terceiro setor

OSC Legal Instituto
4 min readSep 13, 2022

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Por Luciana Mikami

Acredito que todos nós sempre imaginamos realizar vários sonhos. Estes sonhos podem ser grandes, médios ou pequenos, porém, independente de seu tamanho, precisamos entender que para conquistá-los não precisamos impor limites a estes sonhos, mas necessitamos de um planejamento e uma trajetória consistente que esteja dentro de nossa realidade.

Para isso, precisamos adquirir conhecimentos, investir tempo e traçar metas e planos para entender a situação atual, onde queremos chegar e como iremos chegar.

Uma das ferramentas financeiras mais utilizadas pelas instituições, tanto do primeiro setor (público), como do segundo setor (empresas com fins lucrativos) ou mesmo do terceiro setor (instituições sem fins lucrativos) para essa medição é o “orçamento financeiro”.

O orçamento financeiro é um plano que ajuda a estimar despesas, ganhos e oportunidade de investimento em um período determinado de tempo. Com isto, ficará mais fácil estabelecer os objetivos, que permitirão acompanhar os resultados esperados e medi-los. Se algo sair da rota ou desviar um pouquinho, esta ferramenta ajudará a identificar facilmente e fazer as alterações necessárias, agindo preventivamente.

Com a situação econômica que vivemos, conhecemos e/ou formamos parte de famílias humildes, que apesar de conseguir suprir as necessidades básicas (moradia, água, luz e alimentação), ainda passam muito aperto todo mês para conseguir pagar as contas. Essas famílias desde cedo ensinam seus filhos sobre educação financeira e orçamentária não estruturada. O orçamento nada mais é do que reconhecer o quanto ganhamos (receitas) e o quanto gastamos (despesas) em um período de tempo que na maioria dos casos são calculados mensalmente.

Exemplo: uma pessoa que trabalha registrado, com carteira assinada, e recebe mensalmente o seu salário (já descontados os tributos), separa o valor de aluguel, pagamento de contas de consumo, compras de alimentação e limpeza, plano de saúde, lazer (se der), investimento e vestuário. Ao realizar este exercício, mensalmente ele está trabalhando seu orçamento familiar. Se ele montasse uma planilha do ano lançando o que recebe de salário por mês e as despesas, ele estaria utilizando a ferramenta orçamentária para guiar seu controle financeiro familiar. E no mundo corporativo funciona da mesma forma, as diferenças são: 1. A forma de receita 2. Despesas específicas para o negócio.

No terceiro setor, além disso, o orçamento pode ser empregado para apresentar um retrato financeiro das instituições, pois ele detalha o plano de aplicação de recursos e gastos servindo de instrumento estratégico de controle de finanças. Também garante a transparência, credibilidade e fluidez, fatores determinantes na captação de recursos.

É recomendável que o orçamento seja projetado contemplando o ano fiscal, no caso do Brasil, de janeiro a dezembro. Tendo o acompanhamento mensal recomendável para conseguir identificar as melhores soluções para equilibrar as contas ou mesmo melhores momentos de investimentos.

A dica é que todos os itens que geram receitas e despesas sejam contemplados no orçamento.

Vale lembrar que ao elaborar o orçamento para organizações sem fins lucrativos, as despesas devem estar dentro dos objetivos sociais.

Para a parte prática, segue um resumo de passo a passo:

(i) Levante Custos e Despesas Fixas: uma dica aqui é fazer o levantamento por área na entidade, identificando oportunidades de redução de gastos e definindo as metas ou verbas para cada Custo e Despesa. O Orçamento de Despesas Operacionais e o Orçamento de Gastos com Pessoal entram neste item;

(ii) Defina os investimentos necessários: defina claramente os investimentos que serão alocados para que sua entidade funcione da melhor maneira. Uma entidade que alfabetiza pode precisar de computadores, livros, apostilas, material escolar, etc., por sua vez, uma OSC ambiental, pode demandar outros itens. Na hora de realizar a Projeção de Investimentos de sua organização é preciso planejar cuidadosamente também a fonte de recursos que será utilizada e considerar todos os custos operacionais e financeiros envolvidos;

(iii) Faça a projeção de fluxo de caixa: o orçamento para organizações sem fins lucrativos precisa ter uma projeção orçamentária para entender também a necessidade de capital de giro da entidade.

Entidades sem fins lucrativos exercem um papel importantíssimo, pois ajudam a sociedade a preencher lacunas em educação, saúde, esporte, etc. Para elas, o lucro não é o fim, mas sim o meio para obterem os recursos necessários ao funcionamento de suas operações.

Justamente por dependerem de atração de recursos financeiros para sobreviver, demonstrar transparência na Gestão Orçamentária é fundamental. Por isso, o orçamento para organizações sem fins lucrativos deve ser visto como ferramenta obrigatória a todas as organizações do terceiro setor que querem continuar em funcionamento e servirem ao propósito a que foram criadas.

Seguindo estes passos, o sonho citado no início do artigo, sai da ilusão e vira real. Com uma visão geral detalhada e trazendo à claridade os objetivos para conquistar e realiza-lo de forma concreta e transparente.

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Luciana Mikami - Graduada em Administração de Empresas, Estudante em Ciências Contábeis, especialista em Finanças e Banking, com MBA Executiva em Gestão em Pessoas e Coach Executivo em alta performance. Atua na área financeira, contábil e administrativa há mais de 20 anos e desde 2009 dedica sua experiência profissional ao Terceiro Setor. É coordenadora administrativo-financeira no GIFE e Business Process Management Consultant na Evolução Contábil Consultoria e Assessoria.

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